Justiça federal autoriza pagamentos de R$ 2,8 bi em precatórios alimentícios
O presidente do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Edson Vidigal, que também preside o Superior Tribunal de Justiça (STJ), liberou no dia 27 de janeiro o pagamento de R$ 2,8 bilhões, recursos que irão beneficiar cerca de 90 mil pessoas em todo país. O dinheiro, que tem origem em precatórios alimentícios, estará à disposição na rede bancária no dia 31. Estima que a liberação dos recursos representará uma significativa injeção de recursos na economia nacional.
Somados aos R$ 3,8 bilhões que foram pagos em 2005 a pensionistas e aposentados a título de revisão de benefícios pelos Juizados Especiais, em pouco mais de um ano, chegaram aos bolsos dos cidadãos de baixa renda mais de R$ 6,6 bilhões. Esse montante é 17,85% superior, por exemplo, ao lucro líquido do Bradesco previsto por analistas do mercado para o ano passado. O Bradesco é um dos maiores bancos privados do país.
O ministro Vidigal ressaltou a importância para a distribuição de renda dos juizados especiais federais, que julgam causas cujos valores não ultrapassam 60 salários mínimos.
Liberação recorde
Os R$ 2,8 bilhões para o pagamento dos precatórios de natureza alimentícia resultam das ações judiciais relativas a pensões, aposentadorias e benefícios contabilizados como salários. Mais da metade desse valor, cerca de R$ 1,5 bilhão, corresponde ao pagamento de benefícios previdenciários - precatórios pagos em ações movidas contra a Previdência Social.
Ao todo, são aproximadamente R$ 2,1 bilhões em precatórios de entidades públicas federais e R$ 618 milhões em precatórios da União.
Esse montante supera em mais de 40% os valores pagos em precatórios alimentícios no ano passado, que girou em torno de R$ 1,7 bilhão. Dessa quantia, R$ 674 milhões foram precatórios da União e aproximadamente R$ 1 bilhão das entidades federais.
O ministro Vidigal lembrou que, nos últimos meses, ocorreram resistências da área econômica no sentido de inserir numa medida provisória dispositivo com o objetivo de esvaziar os juizados especiais federais na medida que se tentou impor limites. Porém, o ministro Vidigal se aliou à Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) para pressionar as lideranças políticas, oque resultou no recuo do governo.
Os recursos destinados aos precatórios alimentícios em 2006 não correspondem ainda à totalidade dos precatórios deste ano - os processos de precatórios não-alimentícios somente serão liberados no mês de fevereiro. Quando o pagamento dos precatórios federais de 2006 estiver concluído, quase 90 mil pessoas serão beneficiadas em todo o país, tanto em precatórios alimentícios quanto não-alimentícios. São pessoas físicas ou jurídicas que procuraram a Justiça Federal em causas movidas contra a União ou essas entidades e tiveram seu direito reconhecido.
São ao todo 83 entidades federais responsáveis pelos pagamentos dos precatórios de natureza alimentícia, dentre universidades federais, fundações e autarquias federais. Depois do Fundo do Regime Geral da Previdência Social, o segundo maior valor em precatórios alimentícios será pago pelo INSS (R$ 282,8 milhões), naquelas ações que não contemplam os segurados da Previdência, em geral aquelas movidas pelos próprios funcionários do Instituto. O terceiro maior pagador de precatórios alimentícios em 2006 será a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (R$ 32,7 milhões), seguida pela Universidade Federal de Santa Catarina (R$ 10 milhões) e também, via de regra, referem-se a processos ajuizados pelos funcionários dessas instituições.
O saldo das sentenças da Justiça Federal que envolve pagamento de valores pela União e suas entidades demonstra um crescimento ainda mais significativo na procura pela Justiça, se levar em conta as requisições de pequeno valor (RPVs) espécie de precatório para ações de pequeno valor, que ao contrário dos precatórios não são inscritas no orçamento do ano seguinte, mas são pagas em sessenta dias após a sua requisição. No balanço de 2005, cerca de R$ 3,8 bilhões foram pagos em RPVs na Justiça Federal, montante 25% superior ao total pago em 2004, que foi de pouco mais de R$ 3 bilhões. As RPVs pagas no ano passado beneficiaram mais de 600 mil pessoas em aproximadamente 467 mil ações.
PREVIDÊNCIA
O maior responsável por esse crescimento são as ações judiciais movidas contra a Previdência Social. Dos R$ 3,8 bilhões pagos em RPVs no ano de 2005, a maior fatia dessa conta, cerca de R$ 3,1 bi, foi paga pelo Fundo do Regime Geral da Previdência.
Na Justiça Federal, a emissão de RPVs acontece principalmente nos Juizados Especiais Federais, juízos criados para atender a causas inferiores a 60 salários mínimos, nos quais a pessoa não precisa de advogado para ingressar com sua ação.
TRF4 vai pagar mais de R$ 1 bi
O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, que abrange os três estados da Região Sul, vai pagar precatórios no valor total de R$ 1.078.924.684,50. A verba para o pagamento das dívidas judiciais contraídas pela União Federal engloba os precatórios alimentares que foram recebidos no tribunal até 1º de julho de 2005.
O valor liberado para a 4ª Região é o maior entre os cinco TRFs - representa cerca de 40% do total dos pagamentos no país. Os valores liberados só estarão disponíveis para saque após a abertura das contas bancárias em nome dos beneficiários, a remessa dessas informações ao TRF e a revisão dos valores pelas varas federais.
A previsão é de que a listagem com os números das contas na CEF, informação necessária para o saque do dinheiro, esteja disponível no site do TRF até o próximo dia 20 de fevereiro. Antes da divulgação no site do tribunal, a consulta aos números das contas na CEF poderá ser realizada diretamente nas secretarias das varas federais e juizados especiais federais, após o envio das informações às varas, o que deve ocorrer até o dia 10 de fevereiro.
Nos precatórios expedidos por varas estaduais não basta o número da conta, é necessário alvará de levantamento a ser expedido pela vara de origem.
Os números divulgados pelo STJ:
Precatórios alimentícios pagos em 2006:
Da União:
Na 1ª Região (sede Brasília-DF, abrangendo os estados de MG, GO, TO, MT, BA, PI, MA, PA, AM, AC, RR, RO, AP)
R$
Na 2ª Região (sede no Rio de Janeiro - RJ, abrangendo também o ES)
R$ 148.287.705,20
Na 3ª Região (sede em São Paulo-SP, abrangendo também o MS)
R$ 18.726.248,00
Na 4ª Região (sede em Porto Alegre-RS, abrangendo os estados do PR e SC)
R$ 159.387.963,13
Na 5ª Região (sede em Recife-PE, abrangendo os estados do CE, AL, SE, RN e PB)
R$159.387.963,138
Total de precatórios alimentícios da União: R$ 617.510.490,00
Das entidades federais:
Na 1a Região: R$ 484.800.220,00
Na 2a Região: R$ 54.159.000,00
Na 3a Região: R$ 613.205.500,00
Na 4a Região: R$ 924.442.500,00
Na 5a Região: R$ 115.828.000,00
Valores pagos por entidade:
Fundo do Regime Geral de Previdência Social: R$ 1.548.061.698,81
Instituto Nacional do Seguro Social: R$ 482.849.875,93
Universidade Federal do Rio Grande do Sul: R$ 32.750.310,81
Fundação Nacional de Saúde: R$ 16.613.316,56
Universidade Federal de Santa Catarina: R$ 10.044.170,26
Universidade Federal de Santa Maria: R$ 9.544.720,60
Inst.Bras.do Meio Amb.e Rec.Nat.Renováveis: R$ 8.659.503,17
Universidade Federal do Paraná: R$ 7.058.234,41
Fundação Nacional do Índio: R$ 6.214.850,60
Instituto Nac. de Colonização e Ref. Agrária: R$ 5.900.083,02
Universidade Federal de Minas Gerais: R$ 4.749.402,22
Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN: R$ 4.678.664,52
Universidade Federal do Rio de Janeiro: R$ 4.338.286,94
Banco Central do Brasil: R$ 3.847.628,13
Universidade Tecnológica Federal do Paraná: R$ 3.620.092,81
Universidade Federal de Pernambuco R$ 3.516.701,15
Instituto Brasileiro de Turismo: R$ 3.087.713,89
Universidade Federal do Rio Grande do Norte: R$ 2.890.229,30
Universidade Federal do Ceará: R$ 2.867.231,95
Fundação Universidade Federal de Uberlândia: R$ 2.750.271,26
Fundação Universidade do Rio Grande: R$ 2.488.802,49
Fundação Universidade de Brasília: R$ 2.424.745,82
Universidade Federal do Pará: R$ 2.333.541,61
Fundação Universidade Federal de Pelotas: R$ 1.969.920,56
Departamento Nac. de Obras contra as Secas: R$ 1.687.719,87
Universidade Federal de Alagoas: R$ 1.535.059,78
Centro Fed. de Educação Tecnológica de Campos: R$ 1.343.600,39
Instituto do Patrimônio Hist. e Art. Nacional: R$ 1.126.650,51
Fundação Universidade Federal de Viçosa: R$ 1.107.617,95
Universidade Federal do Espírito Santo: R$ 1.045.845,03
Fundação Inst.Bras.de Geografia e Estatística: R$ 1.017.929,71
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: R$ 843.557,00
Universidade Federal da Bahia: R$ 826.759,27
Escola Técnica Federal do Ceará: R$ 684.196,29
Fundação Universidade Federal de Rondônia: R$ 682.175,38
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso: R$ 542.412,79
Centro Fed.de Educação Tecnológica de Pelotas: R$ 529.375,64
Superintendência de Seguros Privados: R$ 523.442,69
Centro Federal de Educ.Tecnol.do M.Grosso: R$ 455.135,81
Colégio Pedro II: R$ 378.510,03
Fund.Coord.de Aperf.de Pessoal Nível Superior: R$ 346.030,36
Centro Fed.Educação Tecnológica S.Vicente Sul: R$ 305.806,60
Universidade Federal Rural do Semi-Árido: R$ 290.832,77
Escola Agrotécnica Federal de Cuiabá: R$ 262.274,11
Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte: R$ 259.544,18
Centro Federal de Educaç.Tecnológica da Bahia: R$ 251.070,08
Centro Fed.de Educ.Tecnol.Celso S.da Fonseca: R$ 243.305,27
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: R$ 230.308,87
Fundação Universidade do Rio de Janeiro R$ 223.534,06
Departamento Nacional de Produção Mineral: R$ 220.886,96
Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes: R$ 198.488,53
Universidade Federal de Goiás: R$ 191.745,62
Centro Federal de Educação Tecnolog.Rio Pomba: R$ 191.713,42
Universidade Federal da Paraíba: R$ 190.873,17
Universidade Federal de Juiz de Fora: R$ 182.424,16
Centro Federal de Educação Tecnol. de Alagoas: R$ 165.987,99
Instituto Nacional da Propriedade Industrial: R$ 159.246,47
Centro Fed.de Educação Tecnológica da Paraíba: R$ 123.370,97
Universidade Federal Fluminense: R$ 116.783,51
Escola Paulista de Medicina: R$ 114.363,12
Centro Federal de Educ. Tecnol. de São Paulo: R$ 112.173,21
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena: R$ 109.047,87
Centro Fed.de Educ.Tecnol.de Minas Gerais: R$ 90.637,88
Universidade Federal Rural da Amazônia: R$ 84.285,60
Universidade Federal de Alfenas: R$ 81.537,69
Fund.Fac.Fed.de Ciências Médicas de P.Alegre: R$ 81.455,30
Escola Agrotécnica Federal de Sertão: R$ 78.188,77
Escola Agrotécnica Federal de Cáceres: R$ 72.057,70
Centro Federal de Educação Tecnol.de Januária: R$ 68.676,92
Escola Agrotécnica Federal de Sombrio: R$ 59.728,05
Fundação Universidade Federal de Ouro Preto: R$ 42.377,38
Fundação Universidade do Maranhão: R$ 44.125,70
Escola Agrotécnica Federal de Satuba: R$ 41.292,70
Centro Federal de Educação Tec.de B.Gonçalves: R$ 41.070,19
Conselho Nac.de Desenv.Cientif.e Tecnológico: R$ 40.634,45
Inep-Inst.Nac.de Estudos e Pesq.Educacionais: R$ 33.933,35
Fundação Alexandre de Gusmão: R$ 33.533,51
Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim: R$ 32.729,57
Centro Fed. de Educação Tecnológica do Pará: R$ 32.424,51
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: R$ 30.942,16
Fundação Universidade Federal de São Carlos: R$ 29.489,10
Depto.Nac.de Infra Estrut.e Transportes - DNIT: R$ 19.307,60
Centro Fed.de Educ.Tecnológica de S.Catarina: R$ 11.946,21
Total de precatórios alimentícios das entidades federais: R$ 2.193.130.170,60
Total de precatórios alimentícios pagos em 2006 (consolidado):
R$ 2.810.679.513,00
Requisições de Pequeno Valor (RPVs) pagas em 2005:
Na 1a Região: R$ 539.166.822,00
Na 2a Região: R$ 724.405.809,00
Na 3a Região: R$ 1.203.879.641,00
Na 4a Região: R$ 971.581.117,00
Na 5a Região: R$ 363.813.551,00
Total: R$ 3.802.846.939,00
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