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29 de Abril de 2024
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    Polícia suíça diz que brasileira não estava grávida

    Publicado por Expresso da Notícia
    há 15 anos

    A polícia suíça divulgou no dia 13 que a brasileira Paula Oliveira não estava grávida no momento em que foi agredida na no dia 9. Durante coletiva de imprensa realizada na cidade de Zurique, autoridades informaram que chegaram à essa conclusão com base em exames realizados pelo Instituto de Medicina Legal e que os esclarecimentos em relação aos cortes sofridos por Paula ainda não foram concluídos.

    O comunicado afirma que os ferimentos poderiam ter sido provocados por terceiros, mas não descarta a possibilidade de autoflagelação. De acordo com o documento, três testemunhas foram ouvidas na noite da agressão mas, em seguida, foram liberadas por falta de provas.

    "Especialistas do serviço científico da Polícia Municipal, bem como técnicos criminalistas da Polícia Estadual de Zurique fizeram na segunda-feira à noite a detecção de pistas e vestígios. As análises estão em andamento e ainda faltam mais esclarecimentos criminalísticos", diz o relatório policial divulgado no dia 13.

    Paula permanece internada no Hospital Universitário de Zurique. A informação foi confirmada pelo tio da vítima, Sílvio Oliveira, que mora em Recife e acompanha o caso por telefone. Ele relatou dificuldades para entrar em contato com o pai da brasileira na Suíça e disse desconhecer detalhes que justifiquem a nova internação.

    O que tem chamado a atenção é a disparidade entre a cautela do teor do comunicado oficial da Polícia (leia a íntegra abaixo) e a convicção do médico legista Walter Bar, professor do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Zurique. Ele afirmou que "todos os ferimentos estão ao alcance das próprias mãos da vítima e que não houve ferimento em partes especialmente sensíveis, como a região genital, os mamilos, o umbigo e os olhos". O perito afirmou ainda que um dos primeiros ensinamentos da medicina forense refere-se à autoflagelação.

    Crise diplomática

    A repercussão do caso da advogada pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, colocou Brasil e Suíça no centro de um imbróglio diplomático. Os dois países estão divididos entre as duas versões do suposto ataque cometido contra ela, na segunda-feira, em Zurique. Paula diz ter sido agredida por três xenófobos. Eles teriam marcado-a com cerca de 100 cortes com estiletes e a agredido, o que teria provocado um aborto. Afirma que estava com três meses de gravidez e esperava gêmeas. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e dois ministros se indignaram com suposto crime e pediram, na quinta-feira, urgência nas investigações e condenaram a discriminação a estrangeiros. Ontem, foram mais cautelosos. Lula falou em sigilo nas investigações. Pela manhã, a polícia de Zurique e peritos suíços desmentiram os relatos de Paula.

    As autoridades suíças sugeriram que ela se autoflagelou e afirmaram categoricamente que a advogada não estava grávida no "momento do suposto ataque". As investigações não foram concluídas. Família e amigos estão indignados com a hipótese de autoflagelo. Os parentes ainda não apresentaram provas para contestar a polícia, apesar de informarem extraoficialmente tê-las.

    Pressão

    No dia 12, em Pernambuco, terra natal de Paula, instituições de direitos humanos começaram a se articular em defesa da advogada e querem pedir interferência internacional. O conselho de Direitos Humanos de Pernambuco pretende enviar na próxima semana uma petição à Organização das Nações Unidas (ONU) para acompanhar as investigações. Haverá uma reunião extraordinária do conselho, que é composto por 12 entidades, no dia 16 para discutir o texto.

    No dia 12, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Pernambuco pediu para que a OAB nacional solicite à Embaixada Suíça informações sobre as providências envolvendo a apuração do suposto atentado contra a advogada. "Esse tipo de agressão constitui um atentado aos direitos humanos a todos os brasileiros e estrangeiros", disse o presidente da OAB-PE, Jayme Asfora. O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, cobrou apuração "rigorosa" dos fatos.

    A Embaixada Suíça divulgou nota se solidarizando com a família da vítima do que chamou de "incidente humanamente trágico" e confirmou a divulgação dos exames apresentados pela polícia do país que representa. A assessoria do Itamaraty manteve o discurso do dia anterior: quer rigor nas investigações. Mas reconhece que a apuração cabe apenas à polícia daquele país. A imprensa do Brasil e da Suíça também se dividem: aqui, a notícia sobre o suposto atentado a Paula tomou conta do noticiário; lá na Suíça, ele teve pouca atenção e desde o início se questionou a veracidade das informações passadas por Paula.

    A advogada Paula Oliveira reside legalmente na Suíça há cerca de dois anos. Trabalha legalmente, como funcionária da multinacional A P Moeller - emprego que conseguiu depois de concurso com concorrentes de todo o mundo. Está de casamento marcado com o economista suíço Março Trepp. Até ontem à noite (horário da Suíça), continuava internada no Hospital Universitário de Zurique. Passou todo o dia sendo acompanhada pela embaixada brasileira. Paula havia recebido alta, mas voltou na manhã na terça-feira em virtude de complicações por infecções urinárias - informou o pai da advogada, o assessor parlamentar Paulo Oliveira, ao Diário de Pernambuco.

    Silêncio

    No dia 12, a família evitou fazer comentários sobre os resultados das primeiras investigações policiais e do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique. Parentes informaram extraoficialmente que eles têm como comprovar que ela estava grávida até ter sido agredida pelos chamados skinheads, homens com intolerância racial que usam de agressão (Leia mais ao lado).

    O pai de Paula, o assessor parlamentar Paulo Oliveira, que trabalha com o deputado Roberto Magalhães (DEM-PE), rechaçou ontem a postura da polícia. Para ele, a polícia trabalha com "especulações" e quer "desviar o foco".

    Família diz que pode provar a gravidez

    O tio da advogada Paula Oliveira, o coronel da Aeronáutica Sílvio Oliveira, garantiu ontem à noite que a família tem como comprovar a gravidez da jovem de 26 anos. De acordo com Sílvio, irmão do pai da vítima e espécie de porta-voz dele no Recife, ela tem ultrassonografia, exames de pré-natal e era acompanhada por um médico ginecologista. "Tanto que sabia estar grávida de gêmeos".

    O tio, como os demais parentes, contou ter ficado "tão surpreso com o relatório da polícia quanto com a notícia da agressão" da sobrinha. Conforme disse, ontem ele não fez contato com o pai de Paula, que está em Zurique. Por isso, Sílvio evitou especulações sobre uma eventual procura da família por advogados ou por uma assessoria técnica que os ajudem como proceder diante do desmentido da polícia. A sexta-feira foi particularmente difícil para familiares de Paula Oliveira.

    O Diário de Pernambuco chegou a falar com a mãe de Paula, Geni Ventura, de Zurique, e ela disse que não há previsão de alta médica para Paula, internada no Hospital Universitário. "Não sei de nada ainda. Estou no quarto dela. Não sei", afirmou. Poucas horas depois, o pai de Paula, Paulo Oliveira disse à imprensa Suíça que só daria informações sobre o laudo médico à filha quando ela melhorasse.

    Depois de um dia movimentado, o namorado de Paula, o economista Março Trepp, com quem Paula deve se casar, revelou estar com medo de voltar para casa. Ex-colegas da recifense na UFPE defenderam a colega. Deram entrevistas falando do comportamento amigável dela. Há uma mobilização em favor de Paula sendo organizada para segunda-feira.

    Nota da Polícia suíça

    O comunicado da polícia da Suíça:

    "Adendo ao comunicado à mídia de 12 de fevereiro de 2009, 14h54min - Caso não esclarecido na estação ferroviária de Stettbach

    - Apelo a testemunhas.

    Primeiros resultados das investigações da polícia e do Instituto de Medicina Legal da Universidade de Zurique sobre o caso não esclarecido na estação ferroviária de Stettbach.

    Conforme divulgado, na segunda-feira à noite, 9 de fevereiro de 2009, uma patrulha da Polícia de Zurique foi chamada à estação de trem de Stettbach, onde encontrou uma brasileira de 26 anos com ferimentos superficiais.

    A mulher explicou ao policial que ela foi agredida por três homens e ferida com uma faca. Além disso, ela declarou que estava no terceiro mês de gravidez de gêmeos e que perdeu os fetos no banheiro da estação. As circunstâncias que levaram a esses ferimentos continuam não esclarecidos.

    As intensas e amplas investigações da Policial Municipal e do Instituto de Medicina Legal continuam sem qualquer restrição. Entretanto, há as primeiras constatações policiais e de medicina legal.

    Especialistas da Polícia Municipal puderam interrogar detalhadamente a mulher atingida e outras pessoas. Por motivos de proteção de dados pessoais e por motivos relacionados à tática de investigação, não são divulgadas informações sobre os resultados desses interrogatórios.

    Especialistas do serviço científico da Polícia Municipal, bem como técnicos criminalistas da Polícia Estadual de Zurique fizeram na segunda-feira à noite, 9 de fevereiro de 2009, a detecções de pistas e vestígios. As análises estão em andamento e ainda falta mais esclarecimentos criminalísticos.

    As investigações legistas do Instituto de Medicina Legal e do Hospital Universitário de Zurique resultam que a mulher de 26 anos, no momento da ocorrência, não estava grávida.

    No âmbito das buscas localizadas, três homens foram controlados na segunda-feira à noite pela Polícia Municipal no bairro Schwamendingen, em Zurique. Esse controle não resultou em suspeita evidente que justificasse uma prisão.

    As investigações em relação aos ferimentos por corte ainda não estão concluídos definitivamente. O Instituto de Medicina Legal analisa agora, a partir dos resultados das investigações já feitas e por fazer, se, devido ao padrão de ferimento, do ponto de vista da medicina legal, se deve partir do princípio de provocação por terceiro ou autoprovocação.

    Não é previsível que as trabalhosas investigações possam ser concluídas nos próximos dias. Por isso, no momento, também não são feitas mais declarações. A mulher de 26 anos encontra-se em tratamento hospitalar. Entrementes chegaram parentes do Brasil e cuidam dela. A Polícia Municipal continua procurando testemunhas.

    Pessoas que na segunda-feira à noite, 9 de fevereiro de 2009, por volta das 19h30min, fizeram observações, são solicitadas a entrar em contato com a Polícia de Zurique (Tel. 0 444 117 117) ou com qualquer outro posto de serviço policial."

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