Atirador do shopping é condenado a 120 anos e 6 meses de prisão
Com aparente indiferença, o ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira, de 29 anos, ouviu o veredito. Após três dias de julgamento no Fórum Criminal de São Paulo, concluído na noite do no dia 3 de junho, ele foi condenado a 120 anos e 6 meses de prisão pela morte de três pessoas, tentativa de homicídio de outras quatro e por ter colocado em perigo a vida de 15 pessoas que estavam na platéia do cinema do Morumbi Shopping, na noite do dia 3 de novembro de 1999, durante a última sessão do filme Clube da Luta.
Na época do crime, Mateus estava praticamente formado em Medicina - cursava o 6º ano da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, uma das mais conceituadas do País. Ele entrou na sala de cinema armado uma submetralhadora 9 mm, foi ao banheiro, onde disparou um tiro e, em seguida, dirigiu-se à platéia, onde estavam mais de 60 pessoas e descarregou a arma, que estava carregada com 40 balas.
Os jurados - quatro mulheres e três homens - rejeitaram todas as teses da defesa, que sustentou ser o réu semi-imputável, ou seja, com parcial consciência de seus atos, mas sem capacidade da gravidade de suas ações no momento do crime, em razão de problemas psiquiátricos e do uso de cocaína. Ao depor em juízo, Mateus manifestou arrependimento e disse ter ouvido vozes momentos antes do crime, que o teriam estimulado a atirar nas pessoas.
Os jurados, porém, consideraram Mateus "imputável". Para eles, o réu tinha consciência da gravidade de seus atos porque planejou o crime. Dias antes, ele teria trocado um pistola pela submetralhadora e gasto R$ 5 mil na aquisição das armas. O depoimento do psiquiatra José Cassio do Nascimento Pitta, que acompanha o ex-estudante desde a época do crime, contribuiu para reforçar a tese da acusação. Segundo o psiquiatra, Meira não apresentava sintomas de surto psicótico três horas depois do crime. O psiquiatra conversou com o ex-estudante na delegacia e informou que Meira não mencionou ter sofrido delírios ou alucinações antes de ter atirado com uma submetralhadora em direção à platéia.
Meira recebeu do psiquiatra que o acompanhou o mesmo diagnóstico psiquiátrico de transtorno de personalidade esquizóide, problema que não o impediria de ter consciência de seus atos, que coincide com o resultado do laudo feito por peritos nomeados pela Justiça.
Pelos assassinatos e as tentativas, Mateus foi condenado a 110 anos e 6 meses de reclusão. Os outros 10 anos decorrem do crime de expor pessoas a perigo de vida. Mateus ficará preso em regime fechado, sem direito a nenhum benefício. A legislação brasileira prevê 30 anos como tempo máximo de permanência na prisão. Como Mateus está preso desde 1999, ele poderá ficar preso por 25 e seis meses.
Para a juíza Maria Cecília Leone, que presidiu o julgamento, "o réu queria matar e matar em grande estilo". A seu ver, Mateus "planejou meticulosamente o crime e, de forma covarde, invadiu a sala para matar pessoas de bem".
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