CPI investiga contratos milionários dos Correios
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios ouve hoje o brigadeiro Venâncio Grossi, que atuou em 2003 como consultor externo dos Correios na renegociação de contratos de carga aérea da estatal. A comissão também ouvirá os dirigentes da empresa Skymaster Airlines Hugo César Gonçalves, João Marcos Pozzetti e Américo Proetti. A Skymaster presta serviço de transporte aéreo noturno para os Correios e está sendo investigada por suspeitas de irregularidade nos contratos.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa, as despesas do brigadeiro em Brasília durante o período em que prestou consultoria aos Correios teriam sido bancadas por uma das empresas que atuam no setor de cargas, a Promodal.
As suspeitas sobre a Skymaster
Segundo a revista Época, em 2003 a empresa de transporte aéreo Skymaster viu seu contrato de R$ 9,5 milhões mensais com os Correios cair para R$ 4,7 milhões em um pregão eletrônico determinado pelo então ministro das Comunicações, Miro Teixeira. Em 2004, com a mudança do ministro (entrou Eunício Oliveira), a empresa pediu revisão das tarifas e em agosto o contrato subiu para R$ 5,3 milhões mensais. Em dezembro, a Skymaster pediu cancelamento do contrato e, em novo pregão, o valor foi ampliado para R$ 9,8 milhões mensais, ou seja, maior que o valor do contrato original.
Em seu depoimento no Conselho de Ética, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que o contrato da Skymaster era suspeito.
Renegociação
A Skymaster desde 2001 tinha um contrato com os Correios no valor de R$ 105 milhões por ano. Quando assumiu o Ministério das Comunicações em 2003, Miro Teixeira optou por renegociar os contratos de carga aérea por suspeita de superfaturamento. A renegociação dos contratos era orientada por um consultor externo dos Correios, o brigadeiro Venâncio Grossi.
Promodal
Todas as empresas do setor baixaram os preços, menos a Skymaster. Segundo a empresa, a redução de preços seria uma desculpa dos Correios para forçar uma nova licitação e colocar a concorrente Promodal no páreo. Ainda segundo a revista, a Skymaster procurou protetores no PT. Apelou a Silvio Pereira e ao advogado Antonio Carlos de Almeida Castro o Kakay, amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e fez denúncia de ligação entre o consultor da concorrência, brigadeiro Grossi, com uma das empresas na disputa.
Recibos suspeitos
O brigadeiro Grossi havia sido escolhido pelo então presidente dos Correios, Airton Dipp, como especialista encarregado de dizer quanto cada empresa deveria receber por quilômetro voado. Segundo a Época, na tentativa de tirar o brigadeiro do jogo, a Skymaster conseguiu dezenas de recibos mostrando que a Promodal bancava as despesas do consultor dos Correios quando este estava em Brasília. Em sua defesa, o brigadeiro disse que encaminhava suas contas de hotel para a Promodal por uma questão de comodidade. "Já tinha trabalhado para eles e sabia que tinham desconto no hotel. Assim, preferia faturar em nome da empresa", disse ele, segundo a revista.
Denúncia de propina
O presidente da Skymaster relatou à revista Época ter ouvido o presidente da Promodal, Antonio Augusto Morato, dizer que entregou R$ 600 mil para Airton Dipp, em troca da obtenção de um contrato dos Correios. Gonçalves disse que tem testemunhas dessa conversa. Dipp nega que tenha recebido o dinheiro.
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